terça-feira, 27 de dezembro de 2016

IMPÉRIO DO BRASIL - 1º REINADO : 1822 - 1831.



" O BRASIL TORNA-SE INDEPENDENTE PARA FICAR SUBORDINADO AO CRÉDITO ESTRANGEIRO "
Gustavo Barroso





A denominação oficial  "Império do Brasil" é adotada a partir da coroação de D.Pedro I.









D.PEDRO I 
toma as primeiras medidas visando consolidar e garantir a soberania do Estado brasileiro
forma o Ministério,
organiza o Exército e a Marinha de Guerra (comprando armas e navios junto à Inglaterra)
e contrata tropas mercenárias, comandadas por oficiais estrangeiros, para combater a resistência de várias  Juntas Governativas Portuguesas.

Para tanto, negocia empréstimos com a Inglaterra de  JORGE IV.





" Os dois primeiros, contraídos em 1822, totalizaram  3.685.000 libras esterlinas, aproximadamente  1,2 bilhão de reais  em valores de hoje, mas só 3.000.000 de libras entraram efetivamente nos cofres nacionais.  O restante foi retido pelos bancos como taxa de risco e pagamento de juros antecipados.
A segunda providência envolveu a prática da inflação.  O Tesouro comprou folhas de cobre por 500 a 660 réis a libra ( pouco menos de meio quilo) e cunhou moedas  com valor de face de  1.280 réis, mais que o dobro do custo original da matéria-prima. 
Ou seja, era dinheiro podre, sem lastro, mas ajudava o governo a pagar suas despesas e dívidas de curto prazo.
D.PEDRO havia aprendido a esperteza com o pai, D.JOÃO, que também recorrera à fabricação de dinheiro em 1814 "
[ 1822  -  LAURENTINO GOMES. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2010 ].





D.PEDRO I assumiu o pagamento da dívida de  1.400.000 libras esterlinas que Portugal contraíra em Londres.  Obrigou-se, ainda, a  'dar'  ao pai, pessoalmente, 600.000 libras como indenização das "propriedades" que  D.JOÃO  perdia no Brasil.



Nas  Províncias da
         Bahia,
               Piauí,
                     Maranhão,
                           Grão-Pará e
                                 Cisplatina,
as rebeliões são sufocadas pelos mercenários
PIERRE LABATUT,
Lord THOMAS COCHRANE  (escocês),
DAVID JAWETT,
JOHN TAYLOR,
JAMES THOMPSON,
JAMES MORTON,
JOHN GRENFEEL  (ingleses),
SAMUEL GILLET,
SAMUEL CHESTER.

Nessas guerras de independência destacam-se  a jovem voluntária  MARIA QUITÉRIA  e o episódio do assassinato a golpes de baioneta da madre  JOANA ANGÉLICA, Superiora do Convento N.Sª da Conceição  (Lapa-BA).



A Assembléia Geral encarregada de elaborar a primeira Constituição é empossada a 3 de maio de 1823, sob a presidência de  D.JOSÉ JOAQUIM COUTINHO  (Bispo do Rio):  na  'Fala do Trono'  o imperador diz esperar que ela fosse digna dele e do país.

Bacharéis, magistrados, religiosos, militares, alguns médicos, funcionários públicos e latifundiários escravagistas, apreciam e debatem um anteprojeto elaborado por  ANTONIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA, considerando eleitores e elegíveis os cidadãos com renda anual de 150, 250, 500 e 1.000 alqueires de mandioca (= voto censitário), impedindo dissolução da Câmara dos Deputados e negando ao imperador a chefia das forças militares.



Duas facções políticas dividem as opiniões :
a liderada por GONÇALVES LEDO 
defende o federalismo e a ampliação do Poder Legislativo ;
a partidária de  JOSÉ BONIFÁCIO 
pretende uma monarquia forte e centralizada, limitando os poderes da Câmara e das Províncias.

Artigos nos jornais  'O Tamoio'  e  'A Sentinela à Beira-Mar da Praia Grande'  hostilizam  D.PEDRO por haver dado anistia a todos os presos políticos a pedido do  Partido Português e dada a permanência de oficiais portugueses nas forças armadas.

O farmacêutico  DAVID PAMPLONA  acaba sendo espancado por oficiais lusos, acusado de se esconder sob o pseudônimo  'Brasileiro Resoluto'  num desses ofensivos artigos.



Na manhã de 11 de novembro, tropas imperiais cercam o prédio para intimidar e dissolver a Constituinte.

Os parlamentares resistem uma  noite de agonia, entregando-se no dia seguinte, sendo aprisionados.

Dias depois, os irmãos ANDRADA e outros opositores embarcam para o exílio na Europa, enquanto D.PEDRO criava um  'Conselho de Estado'  de 10 juristas para elaborar a Constituição, conforme queria.



Constituição  outorgada
 em 25 de março de 1824 :

cria uma Monarquia unitária constituída de Províncias administradas por presidentes nomeados pelo imperador ;

estabelece 4 Poderes : 
Moderador   (exclusivo dele, o Imperador),
Executivo (soberano + Ministros),
Legislativo (Assembléia Geral) e
Judiciário (Supremo Tribunal e tribunais provinciais) ;

Câmara eletiva e temporária ;

Senado nomeado e vitalício ;

Conselho de Estado vitalício (nomeado pelo soberano) ;

poder para dissolver ou adiar a Assembléia Geral ;

Províncias sem autonomia ;

voto censitário ;

eleições em duas etapas :
'paroquiais' (renda anual de 100 mil réis) elegem os eleitores das  'provinciais'  (com renda anual de 200 mil réis)  - 
estes elegem os deputados  (renda de 400 mil réis) -  [plutocracia  =  voto pelo poder do dinheiro] ;

para concorrer à lista tríplice de senador, o candidato deve ter renda anual de 800 mil réis ;

manutenção da escravidão ;

religião oficial católica ,
'padroado'       (= poder para nomear padres e bispos)   e
'beneplácito'   (= poder para aceitar ou não as bulas papais ) ;

excluídos das eleições : padres, militares, pobres, empregados no comércio ;

excluídos da cidadania :  negros e índios ;




"Art. 98.  O  Poder Moderador  é a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio e harmonia dos mais poderosos políticos.
Art. 99.  A pessoa do Imperador é inviolável e sagrada : ele não está sujeito a responsabilidade alguma.
Art. 100.  Os seus títulos são :  - Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil -   e tem tratamento de  'Majestade Imperial'."
[ in Constituição Política do Império do Brasil - 1824 ]


 
D.Pedro I  -  gravura de Debret.






O presidente JAMES MONROE, dos Estados Unidos, é o primeiro a reconhecer a independência do Brasil  (26/05/1824).

O Ministro inglês  GEORGE CANNING, não querendo perder as vantagens dos acordos de 1810, envia a Lisboa o embaixador  CHARLES STUART, que obtém o reconhecimento português  (29/08/1825)  mediante a indenização de  2 milhões de Libras  e o título de  'Imperador do Brasil'  para D.JOÃO VI.

A Inglaterra, para reconhecer a independência brasileira, exige a manutenção da taxa alfandegária de  15% ad valorem  (= sobre o valor da mercadoria), esmagando as manufaturas brasileiras e eliminando tentativas de industrialização.




As câmaras de Recife e Olinda reagem contra o autoritarismo imperial, à estagnação econômica da região e à pesada tributação, promovendo uma revolta liderada por  MANUEL DE CARVALHO PAIS DE ANDRADE,  comandante da Junta Governativa Provincial, com apoio da aristocracia pernambucana, dos jornais  'Típhis Pernambucano'  de  Frei JOAQUIM DO AMOR DIVINO RABELO E CANECA  e  "Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco"  de CIPRIANO BARATA,  da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, de brigadas de  'brancos humildes, mulatos e negros'.
Procuram, em vão, a adesão dos EUA para a  'Confederação do Equador' e seus ideais de  'República',  'Federação'  e  'Igualdade'.

D.PEDRO  reage imediatamente.

ANDRADE  refugia-se na Europa, o cearense  TRISTÃO DE ARARIPE  é morto no combate de Russas, frei  CANECA  fuzilado em Recife  e  Pe. MOSSORÓ, no Ceará.

"A massa da província aborrece e detesta todo governo arbitrário, iliberal, despótico e tirânico, tenha o nome que tiver, venha revestido da força que vier.
A massa da província só se há de pacificar quando vir  (...)  a Imprensa livre ; estabelecido o jurado ; o imperador sem o comando da força armada ;  e outras instituições, que sustenham a liberdade do cidadão e sua propriedade, e promovam a felicidade da pátria ;  fora disso, a massa da província, à semelhança de  S.M.I. e Constitucional, gritará  - Do Rio nada, nada ;  não queremos nada".
[ Frei CANECA  - 'Obras Políticas e Literárias'. Recife, 1876 ]




Com língua e costumes espanhóis, a população da  Província Cisplatina, sob o comando de  LAVALLEJA  e  RIVERA, inicia sua guerra de independência, contando com o apoio da Argentina, que intenciona incorporá-la ao seu território.
As derrotas militares brasileiras oneram os cofres do governo, obrigando-o a fazer novos empréstimos.


Os brasileiros devem guardar bem guardada a lembrança da data :  12 de janeiro de 1825. 
    Nesse dia, os banqueiros puseram o pé sobre o nosso corpo, passamos a pertencer-lhes e durante cem anos para eles trabalhamos. "
(...)
"  NATHAN MAYER ROTSCHILD  !  Este nome está preso a toda engrenagem financeira mundial do começo do século.  "
[ GUSTAVO BARROSO  -  "Brasil - colônia de banqueiros" ]


1.826 : 
é instalada, pela primeira vez, a  Assembléia Geral :
deputados opositores e senadores favoráveis à política imperial. 
Na Câmara e na Imprensa surgem  2 partidos  entre os opositores : 
os  'liberais moderados'  - defendem a conservação do centralismo, com ênfase ao Legislativo ;
e os  'liberais exaltados', defensores da federação e até de uma República.
As opiniões do  'Aurora Fluminense'  são contestadas pelo  'A Malagueta',  'O Repúblico'  e o  'Tribuno do Povo' , dos exaltados.



D.JOÃO VI  morre em Portugal  -  seu sucessor é D.PEDRO I, que abdica aquele trono em favor de sua filha  D.MARIA DA GLÓRIA.  Mas tendo ela apenas 7 anos, o poder é então exercido pelo seu tio e  'esposo'  D.MIGUEL, que logo usurpa o título de  "Rei".





A balança comercial brasileira continua deficitária.



As exportações de açúcar, algodão, tabaco, cacau, arroz e couros sofrem sérias concorrências.

O café começa apenas a despontar.

A mineração passa para mãos de companhias inglesas.

Importamos da Inglaterra manufaturas, trigo dos EUA, produtos alimentícios europeus, escravos da África.

Vultuosos empréstimos contraídos junto aos banqueiros ingleses crescem a dívida externa, com os juros e amortizações elevados.

Os ingleses dificultam a importação de máquinas têxteis.

As receitas dos impostos sobre as exportações são insignificantes.

Emissão de papel-moeda, alta de preços, desvalorização e inflação são marcas de grave crise financeira.

O Banco do Brasil abre falência em 1829.



Começa uma insatisfação social e o imperador torna-se impopular.


D.PEDRO envia o  Marquês de Santo Amaro  a obter apoio da  Santa Aliança  na conquista da Cisplatina  e  na restauração dos direitos de D.MARIA DA GLÓRIA em Portugal, em troca do comprometimento de ajudar esse organismo em reverter as repúblicas americanas em monarquias absolutistas.



A deposição do absolutista  CARLOS X da França, anima a oposição.
Aliados do imperador aproveitam os distúrbios para assassinar, em São Paulo, o jornalista italiano  JOÃO BATISTA BADARÓ,  o  'Líbero Badaró'  do jornal  "Observador Constitucional"  -  o que desencadeia uma onda de manifestações contra o governo, acusado de promover essa execução.



1.831  :  D.PEDRO visita a agitada Minas Gerais que o recebe com dobles de finados e tarjas pretas nas residências, em sinal de luto.
Numa proclamação, o imperador desabafa :
"(...)  existe um partido desorganizador que, aproveitando-se das circunstâncias puramente peculiares à França, pretende iludir-vos com invectivas contra a Minha Inviolável e Sagrada Pessoa, contra o Governo, a fim de representar no  Brasil cenas de horror, cobrindo-o de luto."



Regressando ao Rio, elementos do Partido Português oferecem-lhe uma festa, interrompida por quebra-quebras praticados pelos mais exaltados do Partido Brasileiro :  uma noite das garrafadas.


O imperador decide então nomear, em 19 de março, um Ministério formado só por políticos brasileiros mais liberais.
As manifestações não cessam e passam a defender um governo republicano.


Em 5 de abril, organiza o  "Ministério dos Marqueses", de tendência absolutista.
A oposição concentra o povo no  Campo da Aclamação, exigindo o retorno do gabinete anterior, ao que D.PEDRO  responde :
"Tudo farei para o povo, mas nada pelo povo".

Minutos depois, o  'Batalhão do Imperador', comandado por  FRANCISCO DE LIMA E SILVA, une-se aos manifestantes.



Na madrugada do 7 de abril, D.PEDRO I envia um mensageiro ao Campo, com o documento onde diz :



"Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei muito voluntariamente  abdicado na pessoa do meu muito amado e prezado filho, o senhor D.PEDRO DE ALCÂNTARA"  [...data].


O povo, surpreso, comemora.





D.PEDRO e a imperatriz  D.AMÉLIA DE LEUCHTENBERG  retiram-se para bordo da nau inglesa  'Warspite", seguindo para Portugal  na fragata  "Volage".



JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA é designado por D.PEDRO I  para ser  'tutor'  do príncipe, até sua maioridade aos 18 anos :  D.PEDRO DE ALCÂNTARA  tem 5 anos e 4 meses de idade.




Cronologia  :


Durante os 9 anos do Primeiro Reinado, vários acontecimentos mundiais merecem destaque :


1.822 
 O sábio francês  CHAMPOLLION consegue decifrar os antigos hieróglifos egípcios, da época dos faraós.
 
1.823 
 JAMES MONROE  lança sua doutrina contra as pretensões da Santa Aliança em interferir nos processos de independência da colônia espanhola na América  : 
 "A América, para os americanos".
 
 
 
1.824   -    Empréstimo de 3 milhões de Libras da Inglaterra ( para despesas com a Confederação do Equador ).

1.825   -    Empréstimo de 1.400.000 Libras da Inglaterra  (para despesas com a guerra com a Província Cisplatina ).


1.929  
 Difunde-se na Europa a teoria do  'Socialismo Utópico'.
 
 Empéstimo de 769.200.000 Libras da Inglaterra.
 

 
1.830 
Inaugura-se a primeira estrada de ferro na Inglaterra,
 ligando Liverpool a Manchester.
 
                   AUGUST SAINT-HILAIRE começa a publicar 
 "Viagens pelas Províncias de São Paulo e Rio de Janeiro".

1.830 - 1848 :
Revoluções Liberais na Europa.
 
 
 
 
 
1.831   - 
D.PEDRO I  do Brasil destrona seu irmão  D.MIGUEL  e coroa-se  D.PEDRO IV, em Portugal.










ADENDAS  :


Em história brasileira nada é mais desconcertante que o estudo da personalidade de D.Pedro I.
Temos a impressão que foi um grande maluco :  uma alma cheia de divertidos altos e baixos do temperamento, ações nobres ao lado de indígnas, explosões juvenis e taciturnidade, imunda vida de pai de família, etc.
Se não foi um epilético como certos cronistas afirmam, foi uma criatura de parafusos frouxos ou desaparafusados.

Fatos comprovam essas anormalidades :

1º  -   a imperatriz D.LEOPOLDINA morreu de hemorragias de um pontapé que o imperador lhe dera no ventre, quando ela lhe pediu contas da escandalosa afeição pela Marquesa de Santos.

2º  -   quando passava em revista as tropas na Praia Vermelha, sentindo os apertos de uma necessidade física, trepou num muro, abaixou as calças, e enquanto satisfazia a vontade, mandou que as tropas continuassem a desfilar à sua frente.

3º  -   no período mais vivo de sua paixão por D.DOMITILA DE CASTRO, sua amante, leva-a para o palácio e obriga a imperatriz D.LEOPOLDINA a nomeá-la  'primeira dama' do palácio.

4º   -   gritou palavras grosseiras, na presença de muitos à mesa, quando a segunda imperatriz, a linda D.AMÉLIA, lhe pediu auxílios.


Alguns gestos mais fidalgos :


-  Encontrando 2 marinheiros franceses socorrendo a um companheiro desmaiado, na Estrada de Mata Porcos, apeou-se do cavalo e, sem dizer seus títulos, ajudou a socorrer a vítima.

-  Chorou abundante e arrependidamente a morte de D.LEOPOLDINA trancando-se no quarto por dias.

-  Ele, que nutria as maiores raivas do povo, abdica inesperadamente em 2 linhas de papel.


Quem quiser um mergulho mais fundo, verá que dentro daquela alma de maluco, havia também a alma de um monstro.

Para punir os revoltosos da  Confederação do Equador, organizou uma carnagem.
Foi a revolução brasileira que maior número de mártires deu à história. 
D.PEDRO não perdoa ninguém ; não teve a generosidade de perdoar um só, não teve coração ou ouvido bondoso para atender a uma súplica.
Mandou matar todos !


Na Inconfidência Mineira apenas um subiu à forca.
Na Revolução de 1817, só morreram os chefes e muita gente se salvou e pôde sair dos cárceres para a propaganda da Independência.


O ano de 1825 ele o ensopa no sangue dos mártires.
De janeiro a novembro, desde a execução de Frei CANECA à de  JOÃO VIEGAS FRASÃO, vive a nação um arrepio de angústia.
Os patíbulos estão armados em Fortaleza, Icó, Recife e Rio.
Até a ex-escravos, como FÉLIX, um joão-ninguém, o tribunal executa com grandes pompas.


Ao pronunciar-se a sentença de morte de Frei CANECA o clero inteiro do país agita-se.
Chovem os pedidos de clemência.
Ele não cede, não cede uma linha.

O Ceará implora a favor do Pe. MOCORÓ.
Pernambuco invoca os sentimentos piedosos do soberano em pról de MARTINS PEREIRA  e  AGOSTINHO CAVALCANTI, major dor pretos.
D.PEDRO não se comove !


AGOSTINHO BEZERRA é executado na  'Semana Santa', na tarde da procissão dos Passos.
No Ceará, o  Almirante COCHRANE oferece anistia a TRISTÃO ARERIPE  e  JOSÉ FILGUEIRAS.
Mas o imperador anula a anistia.





O caso de  RACTCLIFF é de arrepiar !

Uma comissão da maçonaria vai à procura do monarca, no Palácio Boa Vista.
Não está.
Deve estar no Largo do Rocio, na casa da amante.
A comissão corre para lá.
D.DOMITILA vai conseguir o perdão do imperador.
E bate no quarto em que ele está trancado.
Nunca D.PEDRO lhe recusára um pedido.
Mas ele não responde.
Ela insiste, nervosa, agitada.
A porta não cede.

Afinal, depois de muito tempo, um papelinho aparece por baixo da porta.
Nele estavam apenas palavras secas, frias, escritas pelo monarca :  - "É tarde".

Desgraçadamente RACTICLIFF havia sido executado naquele instante.
Ele esperou tranquilamente lá dentro do quarto que os minutos passassem, que a hora do sacrifício se extinguisse, para não ceder, para não perdoar.


Contam as crônicas que D.PEDRO mandou decepar a cabeça de RACTCLIFF, pô-la dentro de um barril, salgou-a e enviou à mãe, D.CARLOTA JOAQUINA, para que ela visse em que estado se encontrava o agitador que enviara para perturbar a sua política  !!!




D.PEDRO I  ao  Marquês de Paranaguá  (FRANCISCO VILELA BARBOSA) :
" É pobre ?
  Porque não roubou ?
  Roubasse !
  Porque não roubou como o Barbacena ? "






Durante o 1º Reinado a influencia francesa foi muito forte no país :
jóias,
leques,
o  'charme',
havia isenção de impostos para os livros franceses,
uso de expressões francesas no cotidiano.

No exército, agora mais 'democrático' ( = aberto às camadas médias e pobres ), as ordens de comando são proferidas em francês.


"Considerava Napoleão Bonaparte  - o homem que havia forçado seu pai a fugir de Portugal, em 1807 -   o "maior herói da História".
Além de admirador, D.Pedro foi ligado ao imperador francês por laços de parentesco em razão de seus dois casamentos.
Sua primeira mulher, a princesa austríaca Leopoldina, era irmã de Maria Luisa, com quem Napoleão havia se casado em segundas núpcias.
Quando Leopoldina morreu, D.Pedro casou-se com Amélia, filha de Eugênio de Beauharnais, por sua vez filho de Josefina, primeira mulher do imperador francês.
Como o seu ídolo, exerceu o poder com mão de ferro e não hesitou em demitir, prender, exilar e reprimir todos os que ousaram contrariar suas vontades.
Foi um monarca de discurso liberal e prática autoritária."
[ LAURENTINO  GOMES  - "1822". Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2010 ].








"O 'padroado' passou da Coroa Portuguesa para o imperador D.Pedro I, em 1827.
O catolicismo tornou-se a religião oficial do Estado brasileiro. O controle do imperador mostrou-se ainda mais estrito e eficiente que o da Coroa Portuguesa.
O Império incorporou a tal ponto o clero aos quadros do Estado, que transferiu aos funcionários das províncias a prerrogativa de regulamentar o funcionamento da Igreja em nível local."
[ JOSTEIN GAARDER e outros  -"O Livro das Religiões" . S.Paulo : Companhia das Letras, 2000 ]



Padroado =  Poder concedido pela Igreja dando ao Estado o direito de construir igrejas e mosteiros, nomear padres e bispos.
Beneplácito  =  outro Poder concedido pela Igreja, cabendo ao Imperador a decisão de acatar ou não as bulas papais.






ÍNTEGRA DA CONSTIRUIÇÃO DE 1824

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm







VEJA TAMBÉM
como era  "O dia do Imperador" :


http://jv-terrabrasilis.blogspot.com/2018/01/o-dia-do-imperador-por-laurentino-gomes.html













 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

REGÊNCIA DE D. PEDRO : 1821 - 1822.


Especificamente, de 16 de abril de 1821  a  12 de outubro de 1822.





O Brasil deve fazer-se representar nas  'Cortes Gerais'  (= Parlamento português),  em Lisboa, através de 75 deputados ;
mas só 49 chegam lá, entre eles
CIPRIANO BARATA ,
JOSÉ COUTINHO ,
COSTA AGUIAR ,
Pe. DIOGO ANTONIO FEIJÓ , 
NICOLAU DE CAMPOS VERGUEIRO ,
ANTONIO CARLOS DE ANDRADA ...


São mal recebidos, impedidos de falar nas reuniões e vaiados sem cessar, obrigados a deixar Lisboa por falta de garantias.
Refugiam-se na Inglaterra e elaboram um Manifesto de protestos.




As Cortes tentam diminuir a autoridade do príncipe e quebrar a unidade do Brasil.

Decretam o fechamento das repartições e tribunais criados por D.JOÃO VI.

Exigem o retorno do 'Príncipe Regente' para Portugal.

Pretendem elevar para 30% os impostos alfandegários sobre os produtos ingleses.

As Províncias e os comandantes militares devem obedecer diretamente às  Cortes.




'Partido Brasileiro'   divide-se em 2 grupos : 
um, liderado por  JOAQUIM GONÇALVES LEDO ;
o outro, por JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA.

Discutem suas idéias nas lojas maçônicas 
'Grande Oriente'  e 
'Comércio e Artes'.

Usam a imprensa para conquistar um maior número de adeptos :
'Revérbero Constitucional Fluminense'  e o  'Correio do Rio de Janeiro'  publicam artigos dos democratas
'O Espelho'  e  'O Despertador Brasiliense', dos aristocratas.

Crescem as rivalidades aos portugueses.




"De parte nenhuma vem nada.  (...) os que comem da nação são sem número (...), não há dinheiro (...), não sei o que hei de fazer"
[ queixa-se D.Pedro a D.João VI, em 17/07/1821 ].




Em 24 de agosto de 1821, D.PEDRO  executa a primeira apresentação do  'Hino da Constituição', de sua autoria, usando melodia do compositor MARCOS PORTUGAL, seu professor de música.
 
 
 
 



Em 9 de janeiro de 1822, a aristocracia, representada pelo juiz de fora  JOSÉ CLEMENTE PEREIRA, 'Presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro', entrega ao príncipe um abaixo-assinado com 8.000 nomes da aristocracia, pedindo que permanecesse no Brasil.
D.PEDRO cede :

"Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto : diga ao povo que fico !"   
(... é a independência administrativa).



As tropas portuguesas fiéis a Portugal reagem : 
na Bahia,  MADEIRA DE MELO ;
no Rio, o comandante  JORGE AVILEZ  é expulso do país  
(... é a independência militar).



Em 21 de fevereiro, D.PEDRO  ordena que nenhuma lei portuguesa seja obedecida no Brasil sem o   'Cumpra-se'  de sua aprovação.



Em vista dessas medidas, a Maçonaria e a Câmara do Rio de Janeiro outorgam-lhe o título de  'Defensor Perpétuo do Brasil'  (13/05/1822).





Em 3 de junho, D.PEDRO  convoca, pela primeira vez no Brasil, uma  'Assembléia Geral Constituinte e Legislativa'   (... é  a independência jurídica),  conforme desejo de  GONÇALVES LEDO  :
 
"(...) só a vontade do maior número deve ser a lei de todos.  O maior número pede as eleições diretas.  A Lei as deve sancionar.  Só por elas se pode dizer que o Povo nomeou os seus representantes ;  de outro modo são os representantes da porção que se intitula seleta".



Em 1º de agosto, os líderes das duas lojas maçônicas lançam dois manifestos :

GONÇALVES LEDO , líder democrata, pede a união do povo em torno de D.PEDRO ;

JOSÉ BONIFÁCIO, líder aristocrata, pede às nações amigas a continuidade nas relações com o Brasil.



Na mesma data, D.PEDRO assina vários  "Decretos"  sobre :

rompimento das relações com Portugal ;
o revide a qualquer ataque ou invasão de força portuguesa ;
a proibição da saída de quaisquer valores do Brasil para o exterior  (ouro, moedas, etc).



A 16 de agosto, EVARISTO DA VEIGA  escreve novos versos para o  'Hino da Constituição'.



Com a aproximação da data das eleições nas Províncias, ocorre muita agitação em São Paulo  e  JOSÉ BONIFÁCIO, temeroso de um enfraquecimento do seu grupo político, defensor da Monarquia para manter a unidade territorial, organiza uma viagem do príncipe a essa cidade para acalmar os ânimos.

Enquanto isso, D.LEOPOLDINA  passa a presidir o  'Conselho de Ministros'.



D.PEDRO  percorre o  Vale do Paraíba : 
passa por Lorena, 
Guaratinguetá  (onde visita a igrejinha de Nª Srª Aparecida), 
Pindamonhangaba  (aí se forma uma guarda de honra para acompanhá-lo) ,
Taubaté, 
Jacareí  e
Mogi das Cruzes.

É recebido solenemente na Penha e em São Paulo, com solenidades de  "Te Deum"  e  beija-mão.

Aí conhece D.DOMITILA DE CASTRO, por quem se apaixona.

Visita Santos, onde os irmãos ANDRADA criavam problemas com a  Junta Governativa local.




D.PEDRO, COM DOR DE BARRIGA, PROCLAMA A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL




No regresso a São Paulo, dia 7 de setembro, recebe o correio  PAULO BREGARO, às margens do Riacho Ipiranga,  trazendo cartas da princesa D.LEOPOLDINA , de JOSE´BONIFÁCIO  e um  'ultimatum' das  Cortes ameaçando invadir o Brasil caso ele não regressasse a Lisboa.

Depois de lê-las,

"tremendo de raiva, abotoando-se e compondo a fardeta  ( pois vinha de quebrar o corpo à margem do riacho Ipiranga, agoniado por uma desenteria com dores que apanhara em Santos)" 
[ Pe.BELCHIOR PINHEIRO DE OLIVEIRA ], 

decide proclamar a separação política de Portugal, bradando o  'Independência ou Morte"  para a guarda formada à sua frente. 
D.PEDRO estava com 23 anos de idade.



São Paulo é toda festiva naquela tardezinha.

À noite, no teatro, executa o  'Hino Constitucional'.

WMV


Retorna ao Rio na manhã seguinte.



Em 12 de outubro, é aclamado  'Imperador do Brasil"   ( é a independência diplomática )  e  coroado solenemente em  1º de dezembro, no Rio de Janeiro.

   



A elite, tendo preservado seus latifúndios, a escravidão e a produção agrícola exportadora, se preocupa agora com a estruturação do novo  Estado nacional -  e  de como livrar-se de um  autoritarismo monárquico.





ADENDAS :



"Por ocasião da viagem do Príncipe Regente D.PEDRO  à  Província de São Paulo, em agosto de 1822, as vilas do Vale do Paraíba acolheram a comitiva real, cederam suas  Câmaras  ( então chamadas  'Paços do Conselho' )  para as audiências e despachos do príncipe e forneceram elementos da burguesia e da aristocracia rural para a formação de uma famosa  'Guarda de Honra'  para escoltar o príncipe.

O Vale do Paraíba foi a única região do Brasil a participar diretamente nos acontecimentos ocorridos na colina do Ipiranga, que culminaram com a separação do  Reino do Brasil  do  Reino de Portugal, no dia 7 de setembro de 1822.
Ali estavam, naquela tarde histórica os elementos valeparaibanos como testemunhas oculares e ouvintes do gesto de D.PEDRO.

Devido a problemas de ordem política em São Paulo  -  e não querendo desuniões internas no momento em que as forças políticas abraçavam a causa separatista, aconselhado por JOSÉ BONIFÁCIO, ele parte do Rio de Janeiro em  14/08/1822, deixando sua esposa, a princesa D.LEOPOLDINA, na Presidência do  'Conselho de Ministros'.

Partiu com 5 acompanhantes apenas.

Em  Venda Grande, juntaram-se outros dois, vindos de Minas :  um deles o Pe.BELCHIOR PINHEIRO DE OLIVEIRA  (que nos descreve, em pitorescos detalhes, aquela cena do 'Grito').

Dia 16, pernoitam em Bananal, seguindo para  São José do Barreiro, Areias, Cachoeira, Lorena e Guaratinguetá.
Dia 20 de agosto, ao dirigir-se a Pindamonhangaba, passando pela então capela de N.S.Aparecida, entrou o príncipe na pequena ermida, ajoelhou-se aos pés de Maria e orou pedindo proteção para o Brasil.

Foi em Pindamonhangaba que se deu a organização e uma  'Guarda de Honra' que passaria a acompanhar o príncipe no restante de sua jornada.
Essa guarda foi comandada pelo Coronel  MANOEL MARCONDES DE OLIVEIRA E MELLO, mais tarde,  (1º) Barão de Pindamonhangaba.

Dia 21de agosto  a comitiva foi recebida em Taubaté  -  depois, em Jacareí,  Mogi das Cruzes,  povoação da Penha  e  finalmente São Paulo, onde reorganizou o governo da Província.

Dia 5 de setembro, desceu a Serra do Mar para a cidade de Santos, indo visitar a família de  JOSÉ BONIFÁCIO.

No dia 7 de setembro, ao regressar, o brado  'Independência ou Morte'  selou o destino político do Brasil e ali, na colina, à margem do riacho Ipiranga, diante dos seus auxiliares e dos jovens valeparaibanos integrantes da  'Guarda de Honra', D.PEDRO concretizou o ideal de milhares de brasileiros, dando inicio a um novo império :  o primeiro e único em terras sul-americanas.

Festivamente recebido  pela população de São Paulo, o ato foi solenizado à noite na Casa da Ópera, entre vivas e os primeiros acordes do  'Hino da Independência".

Dia 14, à noite, chegava de regresso ao Rio de Janeiro, após atravessar novamente o Vale do Paraíba, sem festas nem recepções faustosas, pois a pressa e a necessidade o obrigavam a um rápido retorno.

As vilas de S.João Marcos, Resende, Areias, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Taubaté, Paraibuna e Mogi das Cruzes, foram as que forneceram os homens para a guarda de honra do príncipe.

Foi portanto, dessa forma, que o Vale do Paraíba marcou sua presença no processo da Independência do Brasil de Portugal."

Prof.JOSÉ LUIS PASIN
trechos de sua pesquisa publicada na Revista de História da USP



 
Grito do Ipiranga  do pintor  Pedro Américo


Quando você visitar o  Museu Paulista em São Paulo e lá apreciar o imenso e famoso quadro do pintor  PEDRO AMÉRICO, reproduzido em todos os livros de História do Brasil, lembre-se você que aqueles guardas, com seus uniformes brancos  vistosos e harmoniosos nas cores, aqueles guardas eram pessoas do Vale do Paraíba.







"(...) Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30  de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga.
A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida.
Acredita-se que tenha sido algum alimento malconservado ingerido no dia anterior em Santos, no litoral paulista, ou a água contaminada das bicas e chafarizes que abasteciam as tropas de mula na serra do Mar.
(...)  a intervalos regulares D.Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para  "prover-se" no denso matagal que cobria as margens da estrada."
[ LAURENTINO GOMES - "1822 : como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D.Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado". Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2010 ]







VISCONDE DE CAIRÚ  e  MONGLAVE  publicaram em livro as correspondências entre  D.PEDRO  e seu pai  D.JOÃO VI.

Através delas,  D.PEDRO fora um adversário da liberdade do Brasil.  Preferia morrer  'despedaçado'  (jurava ao pai em 1821)  do que pactuar com os independencistas.

Chamava os conspiradores brasileiros de  'miseráveis'  e contra eles atirava a sua polícia, para prendê-los e processá-los.

Mas, aos poucos, ele foi modificando a sua atitude :


Na 1ª carta, de 04/08/1821,
jura ao pai e rei que só se ele e todos os portugueses fossem reduzidos a postas é que se faria a independência do Brasil.


Na 2ª carta, de 09/10/1821,
chama os conspiradores de miseráveis e pede ao pai e rei reforços de tropas, pois as que estavam no Brasil eram insuficientes para sufocar a rebelião.


Na 3ª carta, de 15/12/1821,
diz que várias Províncias, principalmente São Paulo e Minas Gerais, queriam que ele ficasse no Brasil e assim desrespeitasse as ordens recebidas de Lisboa.


Na 4ª carta, de 19/06/1822,
D.PEDRO se refere aos conselhos de  D.JOÃO VI, que lhe indicava como guia de seus atos as circunstâncias políticas e a oportunidade.
E lembra que o pai, dois dias antes de sair do Rio, o aconselha a fazer a independência, caso essa fosse inevitável, e que ficasse à frente do Brasil, para que ele não caísse nas mãos de qualquer aventureiro.
Confessa que chegara o momento histórico da separação e por isso ele se pusera à frente dos revolucionários que se levantam contra Portugal.


"É um impossível físico e moral Portugal governar o Brasil, ou o Brasil ser governado por Portugal. Não sou rebelde (...) são as circunstâncias."
(carta de 26/07/1822)



E assim a independência foi proclamada pelo homem que,  'pela minha honra e pelo meu sangue', jurara guerreá-la até com o sacrifício da própria vida.


O que os interesses e as oportunidades não fazem ... não é ?





"Em discurso nas Cortes, em 2 de setembro de 1822, o deputado piauiense DOMINGOS DA CONCEIÇÃO reclamava do estado de ignorância em que viviam mergulhados os 70.000 habitantes da sua província, todos analfabetos.  'São 70.000 cegos  que desejam a luz da instrução pública', afirmou.
Nessa época o Piauí tinha apenas 3 escolas de ensino elementar, situadas a 340 quilômetros  (70 léguas) uma da outra.
O salário de um professor, de 70.000  réis anuais, equivalia a 1/3 do que se pagava a um feitor de escravos nas fazendas."
[ LAURENTINO GOMES -  "1822". Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2010 ].